Alexandre Silveira diz que concessionárias farão força-tarefa para ajudar Enel a restabelecer energia em SP.
O ministro de Minas e Energia Alexandre Silveira afirmou que concessionárias do país farão uma força-tarefa para que a concessionária Enel consiga restabelecer a energia elétrica para mais de 400 mil imóveis da capital e Grande São Paulo que continuam sem luz nesta segunda-feira (14).
A afirmação ocorreu durante entrevista coletiva na sede da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica, em São Paulo (SP).
“Somados às distribuidoras CPFL, Enel, EDP, ISA CTEEP, Eletrobras, Light, Energiza, que estão aqui hoje, nós estamos ampliando de 1.400 [funcionários da Enel] para 2.900 profissionais, além de mais de 200 caminhões para apoiar essas equipes, fora os caminhões de própria Enel, e mais de 50 equipamentos”, afirmou.
Durante a coletiva, o ministro criticou o fato de a empresa não dar previsão de restabelecimento de energia para os moradores, disse que a Enel “beirou a burrice” ao se modernizar e reduzir sua mão de obra e fez duras críticas ao prefeito Ricardo Nunes (MDB) o acusando de divulgar fake news em relação ao contrato com a Enel e cobrou por mais planejamento urbano.
“Quando a Enel disse que não tinha previsão de entrega dos serviços à população, eu disse que ela cometeu um grave erro de comunicação, um grave erro de seu compromisso contratual com a sociedade de São Paulo de não dar uma previsão objetiva. Eu disse pra ela [Enel] que ela tem os próximos três dias pra resolver os problemas de maior volume”.
O ministro ainda afirmou que as distribuídoras passarão a ser penalizadas se não tiverem previsão ao planejamento diante de eventos climáticos com consequências à população.
“Hoje os eventos climáticos severos são expurgados da avaliação contratual e no decreto de distribuição que o presidente Lula assinou, e que o ministério elaborou depois de um ano de debate com a população, um ano de debate com o setor, esses eventos como esse não poderão mais ser expurgados da avaliação das distribuidoras. Ou seja, as distribuidoras passarão a ser penalizadas caso elas não tenham uma previsão ou planejamento para evitar esse tipo de evento”.
“Porque é evidente que o mundo passa por eventos climáticos severos e a distribuidora tem que se precaver com planejamento em relação a esses eventos. Não é possível esse setor ser reativo”, ressaltou.
O ministro também criticou o prefeito Ricardo Nunes (MDB) e o acusou de fake news por ele afirmar que o Ministério de Minas e Energia estava tratando da renovação de contrato com a Enel.
“O prefeito de São Paulo aprendeu rápido com o seu concorrente aqui Pablo Marçal quando o que era o campeão da fake news e da falsificação de documento público. Ele fez uma fake news dizendo que nós estavamos tratando da renovação da distribuição da Enel. A Enel vence seu contrato em 2028. Ela tem até 2026 para se manifestar sobre a sua renovação. Na verdade, ainda dá tempo do prefeito se preocupar com a questão urbanistica de São Paulo”, disse.
E complementou: “Mais de 50% dos eventos foram por árvores caindo em cima do sistema de média e baixa tensão em São Paulo, o que hoje, infelizmente, nem as distribuidoras por questão de força legal e, inclusive, por licença abiental tem a prerrogativa de cuidarem. Então, nós estamos levando esse ponto para uma discussão no governo federal para poder ver se há uma solução legislativa, inclusive, para poder dar essa prerrogativa porque municípios que não cumprem com a sua responsabilidade de cuidar da questão urbanística em sinergia com o setor de distribuição tem que dar pelo menos a liberdade do setor de distribuiçaõ de cuidar”.
Alexandre Silveira diz que concessionárias farão força-tarefa para ajudar Enel a restabelecer energia para mais de 400 mil imóveis em SP
Alexandre ainda ressaltou que não adianta automatizar o parque de distribuição, conforme a Enel fez.
“Quando o problema, por mais que você da sua central você tente religar a rede, você não vai conseguir porque o problema é físico, você tem que ter gente pra poder estar lá”.
“Então, eu disse que a Enel foi, no mínimo, usei um termo bastante contundente, de que faltou planejamento e beirou a burrice dela achar que ampliar e modernizar para diminuir gente sem se preocupar com a questão urbanística, que está muito aquém do necessário na capital paulista e, em alguns municípios da Região Metropolitana, que ela ia resolver o problema”.
A falta de energia ocorre após um temporal ter atingido o estado de São Paulo na última sexta-feira (11). Segundo a Defesa Civil, sete pessoas morreram na Região Metropolitana e no interior do estado (veja mais abaixo).
Até as 11h desta segunda-feira (14), 430 mil imóveis da capital paulista e cidades da Grande São Paulo continuavam sem energia elétrica, segundo informou a Enel. Na capital paulista, são 280 mil imóveis.
O diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Sandoval Feitosa, disse neste domingo (13) que a Enel não cumpriu o plano de contingência para eventos climáticos extremos e colocou menos funcionários em campo do que o esperado após a tempestade que atingiu São Paulo.
“A percepção que nós temos a respeito da recuperação do serviço é que ela [Enel] de fato não tem atendido todas as expectativas com relação ao ano passado. Claro que esses números precisam ser melhor decurados, porque agora temos uma quantidade de consumidores muito grande que estão interrompidos em função do evento. E há outros consumidores que tem ausência do seu serviço por questões da rotina diária do serviço de distribuição”, afirmou Feitosa em coletiva de imprensa no domingo (14).
O presidente da Enel Distribuição São Paulo, Guilherme Lencastre, informou no sábado (12) que a empresa não tem previsão de retomada total do fornecimento de energia na Grande SP.
“Não é questão de não saber e não passar. E não quero colocar uma expectativa que seja frustrada. (…) A gente tem consciência do transtorno causado por eventos como esse e sabemos da nossa responsabilidade. Vamos trabalhar de forma incansável para reconectar todos os nossos clientes”, declarou.
